Poderíamos dizer que é um lugar que atende “populares”?
Ou que pratica preços “populares”?
Mas gente, que palavra é esta “populares” que todas as esferas de Governos adoram quando estão relacionadas aos serviços de saúde?
São muitas perguntas, mas a etimologia da palavra não vem ao caso, na verdade a resposta é uma só, é um lugar que pratica preços aviltantes, baixos, módicos, menores que a tabela mínima estipulada pelas comissões de classe que estudam de forma fundamentada, para definirem valores mínimos de referencia para profissionais que na sua maioria possuem baixa capacidade de entendimento administrativo-financeiro.
Exemplifico na minha área, a Odontologia, para ser mais claro: Um paciente vai a uma Clinica Popular e realiza uma exodontia (no linguajar popular: “arrancar um dente”) por R$ 15,00(isso mesmo, quinze reais!!!!!!!!, na CBHPO o valor é R$ 115,00), pasmem, não é a manicure, nem o açougueiro, encanador, eletricista... é um Cirurgião Dentista Bacharel formado e registrado no CRO do seu Estado, praticando “legalmente” a profissão. O exemplo se encaixa em outras profissões da saúde que com suas características também praticam preços muito abaixo dos preconizados pelas comissões de cada categoria.
Onde entra o Governo sejam eles municipais, estaduais ou federal? Com valores sub-valorizados ao extremo, o paciente/usuário desiste da fila de espera, ou do serviço inexistente em sua região, que acontece pela inoperância do Estado, assim sendo, o(a) paciente se encaminha para estes serviços populares oferecidos a população em geral, às vezes resolve o problema de saúde, mas também às vezes arruma mais problema pra ele, pois, as iatrogênicas são parceiras nos preços populares, não por que o profissional é ruim, mas por outros motivos que abordarei em outro texto. Esse é um aspecto deste circulo vicioso, existem outros, que incluem as responsabilidades trabalhistas do dono da clinica (será que cumprem?), os materiais usados nos atendimentos clínicos, água, luz, telefone, impostos, aluguel... Não sei também como se consegue o equilíbrio financeiro nessas Clinicas com esses preços...(Sonegação de impostos, reutilização de materiais, escravidão... Não sei responder, e nem vou levantar falso testemunho desta magica!!!
Tudo isso se transforma para o poder publico em uma opção muito melhor, obviamente, uma clinica publica, patrocinada pelo município, estado, ou federação ou todos juntos como são alguns Programas Governamentais custam para o erário publico as mesmas despesas (as vezes mais, fiquei sabendo um boato que “muito raramente”, existem desvios e desperdícios de dinheiro publico nestes serviços) de uma particular, mas a "Clinica Popular" - ou seja de baixo preço - arrecada impostos, alem de pagar água, luz, telefone, encargos que por sua vez também tem impostos embutidos, para o Estado isso é um meio arrecadador e não gastador, investir em saúde é segundo, terceiro, quarto plano no setor publico.
Alem de ser uma ótima fonte de emprego para ASB’s e TSB’s, pois todas tem seus acordos coletivos que determinam o piso das categorias, com seus benefícios e tudo. Já o CD não tem isso geralmente, salvo alguns Estados que tem Sindicatos realmente preocupados com o mínimo que estes profissionais de nível superior devem receber em seus salários. O que acontece na realidade é uma exploração da mão de obra do Cirurgião Dentista que recebe porcentagem, esquece ferias, decimo terceiro, FGTS, encargos, direitos trabalhistas... Esse tema é pra outra conversa.
Sendo assim quem ganha com as Clinicas Populares é bem evidente... Agora, quem perde? Ah isso é muito simples de responder, quem perde é o Cirurgião Dentista, aquele abnegado comprometido com a biosegurança e com os aspectos éticos da Odontologia.
Pra essa bagunça toda, tem fiscal? Cadê?
Gustavo Moreira de Oliveira - Por enquanto Cirurgião Dentista de profissão
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